sábado, 25 de fevereiro de 2012

O criador de sonhos

Já era tarde da noite... A lua, que era sempre tão clichê, soava até original coberta pela neblina que entristecia o ambiente. Esse era o cenário que eu via pela fresta da janela. No outro ponto de luz fraca estava eu brigando com as pálpebras para manter-me acordado; sentado no chão, com as mãos em seus movimentos repetitivos emaranhadas nos finos fios de cabelo dela... Era do que ela gostava. Era o que a fazia dormir feliz. Eu não me importava com a constante batalha que eu travava contra o sono, nem com o frio do piso; eu queria estar lá quando o sono dela chegasse. E toda manhã, ela acordava, corria para o meu quarto como um gato e me surpreendia com um beijo. Assim aconteceu até o dia em que ela pacientemente esperou que meus olhos se abrissem sozinhos, e disse: “eu te amo”. Então eu soube que, enfim, a minha espera tinha valido a pena. Eu tinha entrado nos sonhos dela.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Naquela manhã...

           Levantou da cama rasgando um sorriso bobo de preguiça. Olhou para o relógio preso na parede, mas não reparou na hora. Aos domingos o grande controlador do tempo só não era ignorado por força do hábito. Arrastou os pés até a cozinha, esquentou as mãos na xícara de café. Mirou seus grandes olhos verdes no centro da sala vazia... Entre a cadeira e a porta. Entre o tapete e a lâmpada. Entre o sorriso e o beijo. Entre o passado e o presente. Bem ali, naquela manhã, ele bebia o café e sentia o gosto do futuro.