terça-feira, 29 de novembro de 2011

A nuvem

A nuvem sente o frio do vento
O vento não dá passagem à nuvem
Ele passa e a leva.
Cansada de ser o rastro do vento, ela cai
Cada gota experimenta um gosto,
Uma emoção, um encontro...
E a nuvem, desfeita em mil pedaços, pondera:
Estaria a sua vida à procura de pequenos amores?
Então o vento chora baixinho...
E a saudade leva cada gota de volta para o seu abraço. 

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Depois perguntam por que coleciono sonhos...
Sonhos não dizem não
Sonhos não mentem
Sonhos não gritam
Sonhos não nos decepcionam
Sonhos sabem encaixar as pessoas em quaisquer situações
Sonhos são lembranças do que aconteceu e ninguém soube
Sonhos são dormindo
Sonhos são acordado
Sonhos não são invenções, mas o que inventaríamos
Depois me perguntam por que sonho...
Vai que a realidade resolve sonhar?

sábado, 12 de novembro de 2011

      Eu inventei um ser. Desenhei seu rosto e cada expressão. Quando ele estava feliz, sorria com gosto e quando sentia medo, crescia-lhe os olhos.  Até a tristeza era bonita nele, e, propositalmente, o meu ser não sabia formar um rosto para a raiva. Criei frases e pensamentos, testei cheiros e cores. Sobre mim ele sabia apenas o que me interessava que soubesse; sobre o mundo ele sabia mais do que se poderia imaginar. Aquele meu ser passava os dias comigo e gostava de cada palavra que eu dizia. Até que um dia percebi algo que não era meu nele, um jeito estranho no movimento das pupilas, das mãos, da cabeça... Como lançava teorias novas e inventava analogias... O meu ser já não era mais meu. A minha invenção agora estava lapidada e tinha a capacidade de conhecer tudo em mim através dos meus gestos, tons, pausas...
          A partir daquele instante, passei a amá-lo.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011